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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oh, saudade..

Avô, gostava de poder ouvir a tua voz outra vez... Tenho saudades tuas e sinceramente já não me consigo relembrar do timbre da tua voz.
Lembro-me do som das tuas gargalhadas quando te rias a sério, quando contagiávas todos à tua volta e era impossivel não nos rirmos também. Mas agora sempre que recordo as tuas gargalhadas apetece-me chorar. Chorar com saudades porque sei que nunca mais vais estar ao meu lado, e chorar por não ter uma certeza de que me continuas a ver ou a tomar conta de mim como se diz por aí.
Lembro-me de ti muitas vezes mas lembro-me em silêncio. Afinal, não é preciso que todos saibam que penso em ti sempre que vejo o Miguel jogar à bola, e desejo no mais intimo da minha alma, que o pudesses ver também. Penso em ti quando trago o Ruben para jantar cá em casa e gostava que te sentasses na mesma mesa que nós e o conhecesses.
Penso em ti quando me vejo ao espelho... Gostarias tu de ver a mulher que sou agora? Terias tu orgulho das minhas escolhas? Dos meus erros? Das amigas que tenho? Da amiga que sou? Da filha, da neta, da irmã? Terias orgulho de mim se me visses agora?
Queria ver-te olhar para mim todas as vezes que vou cantar. Queria que me admirasses e tratasses de mim outra vez.
Queria que estivesses aqui para protegeres a mãe, e fazeres companhia a ávo.
Sei que não vais voltar. Tenho a plena consciência disso, por isso espero ao menos que estejas bem. Tu, que és o unico pedaço do meu passado que eu queria que fizesse parte do meu presente, e ainda mais do meu futuro. Espero um dia poder voltar a ver-te. Talvez num céu, ou num inferno, ou noutra vida qualquer. Ou quem sabe talvez nunca mais cruze o meu olhar com o teu porque a morte é o fim de tudo. Não sei... Só sei que apenas a morte conseguirá acabar com estas saudades que trago dentro do peito.

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